Nascida em Águas Santas, Ermesinde, a 30 de junho de 1955, licenciou-se em Ciências da Nutrição, na Universidade do Porto, e foi durante 39 anos uma profissional dedicada ao ensino da Matemática e das Ciências da Natureza. Lecionou e desempenhou várias funções e cargos em diferentes estabelecimentos de ensino, embora a nossa escola, onde chegou no ano letivo de 1981/82, tenha sido o lugar onde desenvolveu a maior parte da sua carreira.
Entre nós, foi Diretora de Instalações, Delegada Disciplinar, Diretora de Turma, Coordenadora dos Diretores de Turma do 2º Ciclo, Coordenadora do Programa de Educação para a Saúde, Coordenadora do Plano de Ação da Matemática e Coordenadora do Secretariado de Exames do Ensino Básico. De 1982 a 1984 foi Presidente do Conselho Executivo; de 2006 a 2008, Presidente da Assembleia de Escola e, de 2009 a 2011, Presidente do Conselho Geral. A sua experiência e profundo conhecimento da organização escolar permitiram-lhe acompanhar colegas, alunos e encarregados de educação com rigor profissional, amizade e sentido do bem comum.
Quem melhor a conheceu define-a como uma profissional sempre disponível para o trabalho colaborativo e como uma grande defensora do trabalho em equipa, acreditando que “duas cabeças pensam melhor do que uma”. Distinguia facilmente trabalho e brincadeira, respeitando sempre a fronteira entre ambos, mas imprimindo às suas obrigações um cunho de boa disposição, dentro e fora da sala de aula. O seu relacionamento com a comunidade educativa foi marcado pelo respeito e atenção para com todos.
A sua personalidade — alegre, solidária e generosa — concretizava-se particularmente nos múltiplos projetos aos quais esteve ligada: Ponte nas Ondas, Ponte a brincar, Projeto Cantina e Reforço Social. Este último, em colaboração com a sua amiga e nossa colega Bé, e D. Fernanda, foi um dos
que mais fortes emoções lhe proporcionou. Esta equipa, dando continuidade ao projeto iniciado pelo Padre José Maria, recebeu a alcunha de “Anjinhos da Guarda”, porque chegava à vida das pessoas da nossa comunidade envolvente nos momentos de maiores dificuldades e necessidades.
A Filomena abraçou, ainda, o projeto Ponte Nas Ondas, com a nossa colega Rosa Duarte, e juntas procuraram fazer a recolha e divulgação do património imaterial do concelho de Caminha, em articulação com o colégio A Sangriña, em A Guarda, na vizinha Galiza. Entre idas e vindas e merendas galaico-portuguesas, nasciam projetos e ideias partilhadas. Essa troca de saberes para valorização e enriquecimento de toda a comunidade escolar, com a Filomena se iniciou e, em sua memória, continuará.
Existia, ainda, uma Filomena divertida e com grande sentido de humor. De sorriso tranquilo, mesmo em alturas de aflição, fez parte do grupo de Teatro da escola onde motivava os colegas e impedia que se falasse sequer em desistência, animando-os com a frase “Vai… tu és capaz!”
Quem com ela contracenou afirma que “tinha um jeito especial para os papeis cómicos”, contagiando todos com o seu riso e boa disposição. Muito criativa para a fabricação de adereços e vestimentas, também era fã incondicional do Carnaval, que aproveitava para se fantasiar e desfilar com os seus alunos e colegas professores.
Muito mais se poderia dizer da Filomena, mas esta singela homenagem não estaria completa se não fizéssemos referência à fortaleza, coragem e Fé que a nossa colega e amiga demonstrou na difícil fase da sua doença. A todos os que a acompanharam nessa etapa provou que a Esperança e o Sorriso não se devem perder nunca.
Por tudo o que a professora Filomena Cruz partilhou connosco e nos ensinou, aqui fica o registo do nosso mais humilde e sincero agradecimento à sua memória e legado.
Obrigado por tudo, Filomena.*
*(texto lido pela professora Béatrice Ribas no dia 13 de Setembro de 2017, no Auditório da Biblioteca da EBS Sidónio Pais, na Reunião de Geral de Professores que deu início ao ano letivo de 2017/2018)
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