'Nosso Mar' | Ciclo de Conferências

O ciclo de conferências, no âmbito do projeto Nosso Mar, trouxe à Escola Básica e Secundária do Vale do Âncora a comunidade, numa parceria estreita entre o Agrupamento e o Município de Caminha, através da Biblioteca Municipal.

Com obras publicadas que vincam a expressão da vocação marítima local, Aurora Botão Rego, Domingos Vasconcelos e Celestino Ribeiro, partilharam com alunos do 1º Ciclo ao Ensino Secundário os saberes que sustentam a sua produção.
A 7 de fevereiro, na parte da manhã, Aurora Botão Rego marcou o arranque deste ciclo de conferência com a temática Fortes (Forte da Lagarteira e Forte do Cão). Aos alunos do 8º ano do terceiro ciclo do ensino básico, feita a diferença entre forte e castelo, foi esclarecido o enquadramento que levou à construção dos fortes costeiros, à sua tipologia, muito relacionado com a entidade que geriu a sua construção, não esquecendo a sua guarnição. A identificação dos lugares de ocupação demográfica e a posterior migração da população para as zonas mais costeiras, revelou-se um elemento de importância face à perceção que os alunos têm da ocupação atual do território local. Mais intrigante foi constatar a existência de registos de ações de pirataria e de captação de escravos por estas paragens.
No mesmo dia, no período da tarde, Domingos Vasconcelos trouxe as embarcações de pesca aos 7º e 9º anos do terceiro ciclo do ensino básico. Percorrendo a importância dos portugueses pela sua afoita e intrépida ousadia de desafiar o mar, marcando toda uma época em que Portugal se afirmou de forma única no mundo, até à navegabilidade pensada na pesca, em geral, e, particularmente na pesca local. A masseira ancorense, inspirada na gamela galega, foi protagonista, assumindo-se como uma referência nos pescadores que corporizam uma classe caraterística de Vila Praia de Âncora. Domingos Vasconcelos percorreu ainda a história de ocupação do Vale do Âncora e a situação particular do Portinho de Vila Praia de Âncora, estrutura central na atividade piscatória e na comunidade ancorense.
A 8 de fevereiro coube a Celestino Ribeiro partilhar com os alunos do 1º ciclo do ensino básico a “Experiência de vida do pescador”, versada na pesca do bacalhau no tempo da frota branca. Com emoção e citações de uma experiência marcante e de um registo agreste, impensável até aos olhos das realidades atuais, os alunos foram ondulando o encrespado mar de uma pesca que só a brandura poética consegue amainar. Do frio gélido da solidão, marcado por barcos de um homem só, os famosos dóris, passando pelo peixe que é ainda desconhecido de muitos, dada a realidade do bacalhau salgado e seco, tão característico do nosso país, de tudo se fez uma conversa que procurou o esclarecimento, dando resposta à curiosidade dos alunos.
Dada a dimensão do projeto Nosso Mar e a sua influência no espaço da Escola Básica e Secundária do Vale do Âncora, este ciclo de conferências contou com um cenário identitário da pesca, tendo sido integrado nos espaços de acesso à Biblioteca Escolar, elementos reais e imagens que retratam a faina e a interação social na classe piscatória.

A Horta
O Projeto Nosso Mar lembra também a vida em terra e o sustento que as pequenas hortas sempre representaram para as famílias de pescadores, integrando abonos trazidos do mar.
Nas Camboas, em Vila Praia de Âncora, os alunos do 4ºB do 1º Ciclo do Ensino Básico, tiveram a oportunidade de conhecer uma das hortas, bem como assistir a explicações de quem nela faz cultivo. Daí recolheram saberes que puseram à prova já no espaço escolar, projetando a instalação de uma pequena horta onde, já nos últimos dias, plantaram alecrim (Rosmarinus prostratus) e um limoeiro (citrus limon).
Com uma estreia colaboração dos pais e encarregados de educação, contando ainda com o apoio da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, a pequena horta está já a ser confinada com rochas decorativas e enriquecida com terra em quantidade e qualidade essencial ao desenvolvimento das culturas.
Respondendo ao desafio e patrocínio da Câmara Municipal de Caminha, a horta destes pequenos agricultores competirá no concurso "A minha Horta é a mais gira!", esperando-se o melhor desempenho, fazendo eco do empenho e trabalho desenvolvido pelos alunos, entusiasmados pelos seus professores.
O projeto Nosso Mar segue assim o seu plano, intensificando o envolvimento das parcerias e consolidando saberes que enraízam a identidade local e a consagram como elemento motor de aprendizagens significativas para os alunos da Escola Básica e Secundária do Vale do Âncora.



















JCR| GabCom

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