UmMar de Trabalhos

Na continuidade da ação UMMAR de Trabalhos, integrante do projeto aglutinador Nosso Mar, os alunos do 3º ano da Escola Básica e Secundária do Vale do Âncora visitaram a oficina de carpintaria onde foi construída a masseira ancorense Sra. da Bonança.

Foi a 7 do mês corrente que estes alunos, acompanhados dos respetivos docentes, Marília Rodrigues e António Garrido, aprofundaram assim o conhecimento sobre a construção naval, na sequência do trabalho realizado em sala de aula e de visitas de estudo anteriores, particularmente à Marina, Doca Comercial e Estaleiros Navais, em Viana do Castelo.
A masseira ancorense é um projeto de identidade local que recupera as tradições e que possibilita a existência de um exemplar deste tipo de embarcação no Portinho de Vila Praia de Âncora, em condições de navegabilidade, constituindo-se património de referência para a vila, em geral, e para a comunidade piscatória, em particular. Trata-se de uma iniciativa do NUCEARTES (Núcleo de Estudos e Artes do Vale do Âncora), à qual se associaram um número significativo de populares, marcando hoje ação privilegiada na procissão do mar, no quadro das festas em honra da Sra. da Bonança em Vila Praia de Âncora.
Da fase de construção, o docente António Garrido criou e partilhou com a comunidade (http://anyflip.com/nrfa/enab/) um diário fotográfico que documenta cada fase desta realização, servindo de mote ao interesse dos alunos, dotando-os de um manancial de conhecimento que lhes permitiu, no espaço da oficina, buscar esclarecimentos e questionar com singular perspicácia os verdadeiros obreiros da masseira. Os pormenores assumiram assim particular protagonismo, desde o interesse pela maquinaria envolvida, à técnica usada para remates e acessórios, passando pelo transporte desde da oficina até ao Portinho, não esquecendo as primeiras remadas e bolina já no mar, comprovando a mestria com que se construiu o casco, se tratou a vela e se moldaram os remos.
A masseira ancorense Sra. da Bonança foi construída na oficina do Lázaro, de Lázaro Leite, e, segundo os autores do livro A Masseira Ancorense, Brito Ribeiro e Celestino Ribeiro, apenas foi possível “graças à generosidade dos carpinteiros da velha Gontinhães…” que se “dispuseram de forma voluntária a trabalhar…”, considerando justo a referência aos nomes de “José Maria Verde Martins de Brás, José da Devesa Araújo, José Maria Carrelo Domingues e Evaristo Capela Gonçalves Presa”. Estes obreiros contaram com vários contributos, tornando extensa a lista de todos os que de alguma forma se associaram a esta construção que será ainda debatida, brevemente, em espaço escolar, em sessão de apresentação do livro A Masseira Ancorense.
A ação UMMAR de Trabalhos prossegue assim no enriquecimento do projeto Nosso Mar, servindo os interesses da flexibilidade curricular, do trabalho colaborativo alicerçado em parcerias pedagógicas, traduzidas em saberes que reconhecem o património cultural, arquitetónico e profissional, entre outros, que são a base da identidade local.





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